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Odivelas de Cimento

Contra a invasão do betão, pela qualidade de vida de quem vive no nosso Concelho !

Contra a invasão do betão, pela qualidade de vida de quem vive no nosso Concelho !

Odivelas de Cimento

07
Nov09

Os Intocáveis

antonio ribeiro

O processo Face Oculta deu-me, finalmente, resposta à pergunta que fiz ao ministro da Presidência Pedro Silva Pereira - se no sector do Estado que lhe estava confiado havia ambiente para trocas de favores por dinheiro. Pedro Silva Pereira respondeu-me na altura que a minha pergunta era insultuosa.


Agora, o despacho judicial que descreve a rede de corrupção que abrange o mundo da sucata, executivos da alta finança e agentes do Estado, responde-me ao que Silva Pereira fugiu: Que sim. Havia esse ambiente. E diz mais. Diz que continua a haver.

 

A brilhante investigação do Ministério Público e da Polícia Judiciária de Aveiro revela um universo de roubalheira demasiado gritante para ser encoberto por segredos de justiça.

 

 

O país tem de saber de tudo porque por cada sucateiro que dá um Mercedes topo de gama a um agente do Estado há 50 famílias desempregadas. É dinheiro público que paga concursos viciados, subornos e sinecuras.

 

  

Com a lentidão da Justiça e a panóplia de artifícios dilatórios à disposição dos advogados, os silêncios dão aos criminosos tempo. Tempo para que os delitos caiam no esquecimento e a prática de crimes na habituação.

 

Foi para isso que o primeiro-ministro contribuiu quando, questionado sobre a Face Oculta, respondeu: "O Senhor jornalista devia saber que eu não comento processos judiciais em curso (…)". O "Senhor jornalista" provavelmente já sabia, mas se calhar julgava que Sócrates tinha mudado neste mandato.

 

Armando Vara é seu camarada de partido, seu amigo, foi seu colega de governo e seu companheiro de carteira nessa escola de saber que era a Universidade Independente.

Licenciaram-se os dois nas ciências lá disponíveis quase na mesma altura.

 

Mas sobretudo, Vara geria (de facto ainda gere) milhões em dinheiros públicos. Por esses, Sócrates tem de responder. Tal como tem de responder pelos valores do património nacional que lhe foram e ainda estão confiados e que à força de milhões de libras esterlinas podem ter sido lesados no Freeport.


Face ao que (felizmente) já se sabe sobre as redes de corrupção em Portugal, um chefe de Governo não se pode refugiar no "no comment" a que a Justiça supostamente o obriga, porque a Justiça não o obriga a nada disso. Pelo contrário. Exige-lhe que fale. Que diga que estas práticas não podem ser toleradas e que dê conta do que está a fazer para lhes pôr um fim.

 

Declarações idênticas de não-comentário têm sido produzidas pelo presidente Cavaco Silva sobre o Freeport, sobre Lopes da Mota, sobre o BPN, sobre a SLN, sobre Dias Loureiro, sobre Oliveira Costa e tudo o mais que tem lançado dúvidas sobre a lisura da nossa vida pública.

 

Estes silêncios que variam entre o ameaçador, o irónico e o cínico, estão a dar ao país uma mensagem clara: os agentes do Estado protegem-se uns aos outros com silêncios cúmplices sempre que um deles é apanhado com as calças na mão (ou sem elas) violando crianças da Casa Pia, roubando carris para vender na sucata, viabilizando centros comerciais em cima de reservas naturais, comprando habilitações para preencher os vazios humanísticos que a aculturação deixou em aberto ou aceitando acções não cotadas de uma qualquer obscuridade empresarial que rendem 147,5% ao ano.

 

Lida cá fora a mensagem traduz-se na simplicidade brutal do mais interiorizado conceito em Portugal: nos grandes ninguém toca.

 

Mário Crespo

02 de Novembro 09

05
Nov09

A/C da Srª Presidente da Câmara

antonio ribeiro

Srª. Presidente da Câmara de Odivelas, seja agente de uma nova era. Faça História.

 

Há pessoas e projectos que nos inspiram. Que nos dão esperança de que é possível fazer diferente, esperar diferente. Que nos dão confiança para fazermos também coisas loucas e grandiosas.

Enrique Peñalosa é uma referência incontornável, e o seu exemplo algo que alenta os sonhos.

Esta entrevista (versão longa) é absolutamente imperdível.

Se tivesse tempo legendava-a em português para que mais pessoas pudessem perceber que o problema de Portugal não é falta de dinheiro, nem de meios, mas sim de inteligência colectiva e pessoas com visão.

 

«O conflito nas cidades, hoje, é entre os carros e as pessoas. Não se pode ter cidades amigas das pessoas e amigas dos carros, tem que se escolher.»

 

«Temos que escolher como queremos viver.»

 

«As cidades existem há 5000 anos, os carros há 80. As cidades sempre foram pedonais, e era assim que eram funcionais.

Uma cidade pedonal é amigável para os seus utentes mais frágeis e vulneráveis. Não podemos resolver o problema da mobilidade nas cidades com carros, é simplesmente impossível, não funciona.»

  

Em apenas 3 anos o “Presidente da Câmara” de Bogotá, Enrique Peñalosa, mudou a maneira como a sua cidade tratava os seus cidadãos “não-motorizados” restringindo o uso do automóvel e instituindo um sistema de autocarros rápidos (com vias exclusivas) que agora transporta 500 000 pessoas diariamente.

Entre outros melhoramentos: ele alargou e reconstruiu passeios, criou grandes espaços públicos, e implementou uma rede de mais de 150 Km de ciclovias protegidas (um símbolo de que «um cidadão numa bicicleta de 30 $ é tão importante quanto um cidadão num carro de 30 000 $». E ele teve que lidar com enorme resistência à mudança, protestos, etc.

 

Eles querem ainda banir totalmente os carros durante as horas de ponta. Actualmente fazem um “Dia Sem Carros” todas as semanas.

«Em apenas 6 anos, de 0.2 % de pessoas a usar a bicicleta diariamente, em Bogotá, passou-se para 5 %. Há agora 400 000 pessoas a andar de bicicleta na cidade, todos os dias.»

 

«Nós subestimamos o poder dos sonhos. O mais difícil é sonhar e criar um sonho colectivo ou uma visão partilhada. É tempo de arriscar em grande e fazer algo novo, uma nova Cidade.»

 

03
Nov09

Lugar no Passeio

antonio ribeiro

 

Num destes fins-de-semana, fui almoçar a casa de uns amigos recém-casados, numa cidade algures a umas dezenas de quilómetros de Lisboa. Como não era fácil dar com a rua onde eles viviam, combinámos um ponto de encontro para que eles fossem à frente, no seu carro, a indicar-me o caminho. Ao chegarmos à dita rua, os meus amigos puseram o carro no passeio, sem sequer procurarem antes um lugar livre. Como não encontrei nenhum lugar para estacionar nessa rua, fui procurar um. Demorei uns 30 segundos a encontrar um lugar, numa rua perpendicular àquela, onde havia muitos lugares livres (e gratuitos). Estava a uns 100 ou 150 metros do sítio onde os meus amigos estacionaram. Pouco mais de um minuto a pé.

Quando cheguei ao pé dos meus amigos, estes disseram-me: "então Joana, tinhas ali um lugar!!". Fiz-me desentendida: "Ah, não reparei! Onde?". Apontaram para o dito "lugar", que, claro, não era nenhum lugar de estacionamento, mas sim um espaço livre no passeio. O único que restava. "Mas aquilo não é um lugar, é o passeio!", respondi eu. "Aqui toda a gente estaciona no passeio, Joana". Fingi que não ouvi e eles insistiram: "sabes, aqui toda a gente estaciona no passeio. É normal. Podias ter posto também".

Como nos conhecemos há muito tempo e tenho muito à vontade com eles, lá tiveram de me ouvir: tentei explicar-lhes que nunca deixo o carro no passeio, nem que tenha de andar um quilómetro a pé [nesta parte já estavam a olhar para mim de olhos esbugalhados], que os passeios não são para os carros, mas para as pessoas, que os carros danificam os passeios, que não se devem "atirar" as crianças, os carrinhos de bebé, os idosos, os inválidos e os peões em geral para o asfalto, etc., mas não valeu de nada.

Enquanto me mostravam, orgulhosos, a sua bonita nova casa, os meus amigos, junto a uma janela das traseiras, apontaram e disseram: "ali são as garagens do prédio. Aqui os prédios têm garagens. Para todos. São garagens enormes, cada uma leva à vontade dois carros!". Foi a minha vez de ficar com os olhos esbugalhados. "Então e não a utilizam?", perguntei eu, a ver que resposta viria ali. "Utilizamos, às vezes, quando não há lugar na rua". "Quando não há lugar no passeio, querem vocês dizer!". E lá tiveram de me ouvir mais um pouco.

São pessoas de quem gosto muito. São cultos, inteligentes e ambos têm um grau de instrução muito acima da média (têm mestrado e um deles está já a preparar o doutoramento).

Há muito que me venho apercebendo de que a triste realidade dos automóveis em cima dos passeios não se restringe a Lisboa, Porto e arredores. Chegámos a um ponto em que em quase todo o país passou a ser "normal" estacionar no "lugar" em cima do passeio, perante a inacreditável indiferença das autoridades.

Há meses que o
Passeio Livre vem "lutando" contra este estado de coisas. Até ao dia em que estacionar no passeio deixe de ser "normal", depende de todos nós acabar com este absurdo.


E enquanto cá nossa terrinha não conseguimos andar 100 metros a pé, numa estação de metro de Estocolmo experimentou-se, com êxito, uma forma curiosa de convencer as pessoas a utilizar as escadas em vez das escadas rolantes.

 

http://anossaterrinha.blogspot.com/

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