A história é simples e conta-se num instante:
O FMI e a então CEE gizaram um plano de desenvolvimento para um Portugal mergulhado em crise no início dos anos 80: passava por transformar os portugueses em consumidores de carros.
Em apenas 12 anos, o parque automóvel mais que decuplicou (passou de 400 mil... para 4,5 milhões). Este foi o pretexto para dirigir quase metade da capacidade de investimento do Estado para a construção rodoviária, engordando o sector das obas públicas, e endividando a sociedade e o Estado portugueses numa voragem que parecia sustentável porque o petróleo parecia maneter-sea níveis ridiculamente baratos, em termos absolutos.
O preço imediato, em sangue, parecia até aceitável: os carros mataram em 20 anos 30.000 pessoas, e feriram gravemente 90.000.
Ninguém parecia preocupar-se nem com a insustentabilidadedo dos modelos de "crescimento", nem com o efeito colateral que tem sido a devastação da população (a guerra colonial matou um número equivalente de portugueses: mais ou menos 30.000).
Agora descobrimos que 40% do que devemos à banca internacional são auto-estradas e vias rápidas que vamos construir nos próximos 5 anos, e que metade do consumo energético do país, pago ao estrangeiro, é consumido pelos quase 5 milhões de carros que comprámos e andamos a pagar ao banco. Indignados? Tarde piamos.